quarta-feira, 27 de julho de 2016

Alpinista Rodrigo Raineri parte para última etapa do Projeto Sete Cumes

Ao final da expedição, alpinista será o único brasileiro a ter sido guia de montanha nos maiores picos de cada um dos sete continentes

 Rodrigo Raineri - Aconcágua Invernal (crédito: Vítor Negrete)
Faltam poucos dias para o alpinista Rodrigo Raineri conquistar um feito inédito em sua já vasta carreira de mais de 27 anos de escaladas. De 04 a 14 de agosto, ele vai liderar um grupo de 06 pessoas que subirão o monte Elbrus, montanha mais alta da Europa, localizada na Rússia, e com isso, se tornará o único brasileiro a ter sido guia no projeto Sete Cumes, que abrange as mais altas montanhas de cada continente.
Raineri é especialista em conduzir e orientar grupos de executivos e turistas que gostam de se desafiar na prática do montanhismo. Ao longo dessa jornada, já esteve no topo dos outros seis montes do projeto Sete Cumes: o Monte Everest (três vezes no cume), localizado entre o Nepal e o Tibet na Ásia e conhecida como a maior montanha do mundo e de extrema dificuldade (8.848m); o Aconcágua na Argentina (seis vezes no cume), que além de ter guiado diversas expedições pela sua rota normal, também escalou em pleno inverno e pela desafiadora Face Sul (6.962m); o Denali no Alasca, também conhecido como McKinley (6.194m), o Kilimanjaro (duas vezes), cercado pelas belezas naturais da Tanzânia (5.895m); o intenso Maciço Vinson na Antártica (4.892m) e o selvagem e remoto Carstensz na Oceania, que coloca a expedição em contato com tribos preservadas (4.884m). Por fim, falta apenas, o monte Elbrus (5.642m) na Rússia.
“Guiar os Sete Cumes é como buscar a minha medalha olímpica. Além de realizar os sonhos daqueles que escalam nos grupos guiados por mim, que buscam a superação de limites e o autoconhecimento, sinto orgulho em levar a bandeira brasileira ao topo das montanhas mais altas do mundo”, comenta Raineri.
Sobre a escalada que se aproxima, o alpinista explica que, apesar de ser a montanha mais alta da Europa, o Elbrus é o monte nevado mais acessível dos sete cumes, indicado para quem tem menos experiência com alpinismo.
As vivências em pontos extremos do planeta e a liderança exercida em momentos difíceis, renderam a Raineri uma bagagem valiosa, que agora ele compartilha com o público por meio de palestras realizadas em empresas, escolas e universidades. “Como líder de uma expedição, tenho que preparar meu grupo, coordená-lo durante a escalada, administrar os medos e expectativas e, sobretudo, conduzi-los aos resultados. Em minhas palestras, traduzo para o dia a dia das pessoas essa disciplina e estratégia de liderança”, explica. 
O Projeto Sete Cumes conta com patrocínio da Feinkost, apoio da Grade 6, Cia Athletica,  SOL Paragliders, THULE, ABP (Associação Brasileira de Parapente), CBME (Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada) e Lapinha Spa.

1- Monte Everest (Ásia)
O Monte Everest, situado entre a China e o Nepal, é o ponto mais alto do planeta, com 8.848 metros de altitude. Em nepalês é chamado de Sagarmatha (rosto do céu) e em tibetano Chomolungma (deusa mãe do universo). Uma expedição ao Everest requer muita resistência física e psicológica, já que uma expedição para escalar esta montanha dura de 60 a 75 dias. Rodrigo Raineri liderou 5 expedições ao Everest, em 2005, 2006, 2008, 2011 e 2013, chegando ao cume 3 vezes, um feito inédito entre os brasileiros. As mais desafiadoras expedições foram ao Everest em 2008, 2011 e 2013. Foram expedições longas, que demandaram um grande planejamento, treinamento intenso físico e técnico, e também muito preparo mental para aguentar por tanto tempo as condições inóspitas do Everest, como o ar rarefeito, temperaturas de 30 graus abaixo de zero, ventos violentos de mais de 100km/h, quedas de pedras e quedas de gelo, incluindo as temidas avalanches. Na expedição de 2006, Raineri perdeu seu companheiro de escaladas Vitor Negreje.

2- Aconcágua (América do Sul)
O Monte Aconcágua, também conhecido como Sentinela de Pedras, possui 6.962 metros de altitude. Situado na Argentina é a montanha mais alta da Cordilheira dos Andes, a mais extensa cadeia de montanhas da Terra, com aproximadamente 7.200km de norte a sul. Montanha desejada por muitos, exerce fascínio pela sua altura e por suas histórias. Uma de suas rotas, a escalada pela temida Face Sul é considerada umas das mais difíceis e perigosas do mundo. Rodrigo Raineri e Vitor Negrete escalaram a Face Sul em 2002 e são os únicos brasileiros a conquistar este feito. Raineri liderou 11 expedições ao Aconcágua, chegando ao cume por 6 vezes.

3- Maciço Vinson (Antártica)
O Monte Vinson é a maior montanha do Continente Gelado, com 4892 metros de altitude.  O nome Vinson é uma homenagem ao congressista americano Carl G. Vinson devido ao fato deste ter persuadido o governo dos Estados Unidos a promover uma expedição ao continente antártico. A primeira ascensão do Monte Vinson foi realizada em 1966. O ponto de partida para a ascensão do Vinson é a cidade de Punta Arenas, no Chile, uma das cidades mais austrais do planeta. O clima adverso é uma das principais dificuldades, o que atrai os montanhistas. O dia tem 24 horas de luz e o sol gira no céu, sem nunca haver um pôr do sol. Rodrigo Raineri guiou uma expedição internacional ao cume do Monte Vinson entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, chegando ao cume no dia 8 de janeiro. Na virada do ano, à meia noite do dia 01 de janeiro, uma expedição da Nova Zelândia, 15 horas a mais comparadas com nosso fuso horário do Brasil, começou a festejar o ano novo. Uma hora depois os Australianos, e a cada novo fuso horário, um alpinista de alguma parte do mundo comemorava o ano novo. Por fim chegou a vez dos brasileiros, depois os chilenos, até finalizar as comemorações com os americanos do Alaska. Todos os alpinistas celebraram a passagem do ano, cada um no seu horário, todos envoltos pelo branco da neve incrível da Antártica, em plena luz do dia!

4- Monte Kilimanjaro (África)O Monte Kilimanjaro, além de ser a maior montanha da África é também a maior montanha isolada do Mundo, ou seja, não pertence a uma cadeia de montanhas. Está situado na Tanzânia, um país com algumas das maiores belezas naturais do planeta, e é considerado como um dos Patrimônios da Humanidade pela UNESCO. Com 5.895m de altitude, o Kilimanjaro fica praticamente na linha do equador e é um dos mais altos vulcões do mundo. Ele está a mais de 4.500m verticais acima das planícies das savanas, com aproximadamente 80 quilômetros de diâmetro na base. Possui três grandes crateras, Shira, 4.140m no oeste, Mawenzi, 5.280m no leste e Kibo, a mais alta, com 5.895m e neves eternas no centro. Rodrigo Raineri guiou duas expedições ao Kiliomanjaro, uma pela rota Machame em 2004, e outra pela rota Marangu, em 2010, chegando ao cume nas duas oportunidades.


5- Pirâmide Carstensz (Oceania/Australásia)
O Monte Carstensz ou Puncak Jaya como é conhecido pelas tribos locais, localizado na Ilha de Papua/Nova Guiné, na Indonésia (4.884m) é a maior montanha da Oceania e a montanha insular mais alta do planeta. Este é um dos mais selvagens e remotos dos sete cumes, colocando o expedicionário em contato com tribos ainda preservadas e repletas de costumes próprios, inclusive o canibalismo. Explorar as selvas da Papua torna esta montanha um grande atrativo para aqueles que buscam contatos com culturas milenares. Rodrigo Raineri liderou, junto com Carlos Santalena, uma expedição brasileira ao Carstensz em 2013, com a incrível marca de 9 brasileiros juntos no cume desta montanha, sendo 2 guias e 7 alpinistas (até então apenas 2 brasileiros haviam conseguido escalar esta montanha).

6- Denali (Monte McKinley) – América do Norte

Localizado no Alasca, Estados Unidos, é a montanha mais alta da América do Norte, com 6194 metros de altitude. Sua ascensão é bem complicada. Não há nenhum tipo de apoio externo como carregadores, por isso além de carregar elevadas cargas na mochila, os alpinistas tem puxar trenos com mantimentos. Devido à baixa latitude, muito próxima ao Ártico, seus dias são muito frios, mais frios até do que em montanhas mais altas, como o monte Everest por exemplo. Quando Raineri chegou ao cume do Denali, em meados de junho de 2014, a taxa de sucesso (cume) era de 18%.

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